Os riscos que produtos de plástico podem oferecer ao bebê
Você já deve ter ouvido falar do bisfenol A, um composto tóxico do plástico, que afeta a saúde e o desenvolvimento da criança. Saiba mais sobre a substância e como evitar que o seu pequeno tenha contato com ela.
Ele está associado a distúrbios de comportamento e memória e também a um maior risco de puberdade precoce, câncer, diabete e doenças cardiovasculares. Estamos falando do bisfenol A (BPA), um composto que costuma estar presente em produtos de plástico duro e transparente e que age como um hormônio artificial. Desde 2011, o governo brasileiro proibiu a presença da substância nas mamadeiras comercializadas por aqui, mas ela ainda pode estar em outros itens usados pela criançada, como brinquedos, chupetas e mordedores.
E o alerta não para por aí. Um estudo da Universidade de Calgary, no Canadá, publicado em janeiro de 2015, aponta um novo vilão – o bisfenol S ou BPS, que tem sido utilizado como uma alternativa ao BPA. No trabalho, peixes receberam uma pequena dose de BPS e os cientistas notaram alterações no desenvolvimento cerebral dos animais, o que provocou hiperatividade. “Ainda não há muitas pesquisas sobre essa substância, mas é provável que seus efeitos sejam os mesmos do bisfenol A”, especula a pediatra Kelly Oliveira, formada pela Universidade de São Paulo e autora do blog Pediatria descomplicada. Em todo caso, fique de olho nas embalagens e compre apenas produtos que indiquem ausência de bisfenol.
Confira a seguir cinco perguntas e respostas sobre o composto, os riscos que ele oferece e como evitar seus estragos.
1. Como saber qual produto possui bisfenol A?
Ele está presente em muitos tipos de plásticos. Para identificá-lo, procure por um número na embalagem, geralmente gravado no fundo. Os plásticos de números 3 e 7 são os que trazem maior risco de liberarem a substância após o contato com líquidos aquecidos ou detergentes fortes. Os de número 5 não apresentam perigo. Existem também produtos com o alerta “livre de BPA”, o que significa que ali não há bisfenol A.
2. O que o bisfenol A causa no organismo?
“O bisfenol A altera a função e o desenvolvimento dos órgãos sexuais, em especial da próstata e da mama, além de levar à puberdade precoce. Uma grande preocupação é que essa substância se acumule no cérebro, podendo causar distúrbios de comportamento e memória”, explica Anthony Wong, pediatra e toxicologista do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP).
Experiências realizadas com ratos de laboratório mostram que os animais que têm contato com bisfenol A alimentam-se menos e ficam mais irritáveis. “Isso pode explicar o aumento da incidência de crianças hiperativas e com déficit de atenção”, afirma Wong. O pediatra alerta ainda que “esse problema é mais sério em fetos e em crianças de até os três anos porque o cérebro ainda está em desenvolvimento”.
3. Se os produtos foram liberados pela ANVISA, posso usar tranquilamente?
Sim. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) declara que a quantidade permitida de bisfenol A é de 0,6mg e não oferece riscos à saúde. “Apesar da liberação da ANVISA, indicamos que a mãe utilize acessórios livres da substância”, afirma a pediatra Débora Passos, da maternidade Promatre Paulista, em São Paulo.
4. Qual o jeito certo de higienizar esses produtos?
O aquecimento de potes de plástico, chupetas ou outros itens contendo BPA é responsável pela liberação do composto. Portanto, produtos que contêm a substância não devem ser fervidos ou levados ao micro-ondas. “Basta lavá-los com detergente suave ou de coco. Depois, deixar de molho no cloro por alguns minutos e enxaguar com água corrente”, ensina o médico da USP.
5. É melhor usar recipientes de vidro do que de plástico?
Não necessariamente. Anthony Wong diz que a melhor alternativa é comprar acessórios de plástico livres de bisfenol A. Para a pediatra Débora Passos, usar mamadeiras de vidro, por exemplo, pode ser mais prático porque elas são fáceis de lavar e podem ser fervidas. “Coloque o alimento na mamadeira ou no potinho de plástico apenas na hora de dar ao bebê”, sugere.